Quando um ex-presidiário deixa o sistema prisional, a condenação já lhe produziu marcas pelas quais a sociedade provavelmente continuará lhe punindo e excluindo do convívio social, mesmo tendo cumprido sua pena. A fim de promover a reinserção de presos e egressos do sistema prisional e diminuir a reincidência de crimes, o Conselho Nacional de Justiça CNJ lançou em 2009 o Programa Começar de Novo para mobilizar órgãos públicos e sociedade civil a conceder trabalho e apoio técnico a presos e egressos do sistema carcerário. Esse trabalho tem por objetivo entender como as imagens reproduzidas nas propagandas do Começar de Novo materializam representações sociais sobre o sujeito ex- presidiário e como convergem para fortalecer uma memória discursiva sobre novas práticas sociais e a identidade desse sujeito. Para análise contamos com embasamento teórico e metodológico dos estudos da Análise de Discurso Francesa (ADF) e dos estudos culturais sobre Identidade realizados por Stuart Hall. Os textos publicitários, produzidos em VTs para divulgação do Começar de Novo, materializam dizeres sobre o ex- presidiário que deslocam daquelas antigas concepções negativas, inscritas na memória discursiva, sobre esse sujeito social. Tomando discursos cotidianos, religiosos e até mesmo dos costumes populares, o CNJ através da voz de autoridade que lhe é concedida, por se tratar de um órgão da justiça, procura legitimar um discurso de aceitação do ex- presidiário, (re)significando um já-dito e (re)construindo para esse sujeito uma novo identidade. A voz de autoridade do CNJ intima a sociedade a participar do processo de ressocialização e também constroi para si a imagem de um órgão que não só vigia e pune, mas que também ressocializa e educa.

DATA: 2012

AUTOR: Cíntia de Sousa Maciel

ORIENTAÇÃO: Adriana Rodrigues Pereira de Souza

TIPO DE PUBLICAÇÃO: Monografia

ÁREA DE CONHECIMENTO: Ciências Sociais – Publicidade

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